“Trivial – Um Espetáculo de B-Boys” leva a aspereza das ruas para dentro do Teatro da Reitoria, no Festival de Curitiba

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A montagem, que venceu duas categorias do Prêmio Açorianos, mescla dança urbana com combinações contemporâneas e fica em cartaz dias 4 e 5 de abril
 
 
 
É no mínimo incomum que o breaking – um estilo de performance ligado à cultura hip-hop e que nasceu nas ruas dos bairros marginalizados de Nova York, na década de 70, num contexto de pobreza e violência de gangues – frequente os espaços artísticos tidos como mais nobres, reservados ao teatro e à dança no Brasil. O feito, no entanto, foi alcançado pelo Grupo n Amostra, de Porto Alegre, com “Trivial – Um Espetáculo de B-Boys”.
Indicada em sete categorias no Prêmio Açorianos de Dança em 2023, a montagem conquistou duas distinções, de Melhor Elenco e Melhor Produção, e agora se prepara para o início de uma jornada nacional. Depois de passar por São Paulo, chega à Mostra Lucia Camargo da 33ª edição do Festival de Curitiba, com sessões nos dias 4 e 5 de abril, às 20h30, no Teatro da Reitoria.
“A recepção foi incrível. Reverberou de uma forma muito boa”, festeja o diretor e coreógrafo Driko Oliveira. “É raro que espetáculos aqui de Porto Alegre ‘subam’ pro resto do Brasil. Isso mostra que valeu a pena o esforço, todo o trabalho que a gente fez.”
A peça mescla a pegada do breaking com as combinações da dança contemporânea, por meio de uma metodologia desenvolvida pelo próprio diretor. O enredo fala do dia a dia da periferia, das barras pesadas e dos inconvenientes comezinhos habituais, e de como os jovens dessas regiões buscam na dança urbana uma forma não só de alimentar suas famílias, mas de aliviar o peso do cotidiano. Empecilhos que, no palco, podem ser traduzidos por uma simples fila (no banco, na lotérica, no posto de saúde) ou pelo confronto geracional entre pais e filhos.
 
Foto de Nando Espinosa_Trivial, um espetáculo de Bboys – Luka Ibarra
A história da encenação de “Trivial”, por si só, honra as origens. Antes de tudo acontecer, foi Driko Oliveira quem convidou um grupo de dançarinos que praticava o breaking nas ruas (conhecidos no meio hip-hop como “b-boys”) a se abrigar num espaço que ele mesmo mantém na capital gaúcha. Após dois ou três meses com todo mundo circulando por ali, propôs: “Por que não montamos um espetáculo?”.
A partir daí, foram mais sete meses de ensaios, até tudo ficar à altura das expectativas do diretor. O resultado, de acordo com ele, mantém o vigor e até mesmo a rudeza do breaking original. “É um trabalho genuinamente orgânico, autêntico, com personalidade. É como na rua”, garante. Mesmo assim, a apresentação tem suas particularidades. “No palco, em alguns momentos, não tem música. Ou toca uma música que você não imaginaria que pudesse servir pro breaking”, revela. A dramaturgia dispõe também de falas e diálogos. “Normalmente, b-boy não fala”, pontua. “Então, tem essa coisa mais da dança contemporânea, mas eles continuam sendo b-boys.”
Após a estreia, “Trivial” sofreu ainda uma modificação digna de nota: deixou de ter no elenco apenas b-boys e passou a contar com Naju, uma b-girl. “Ela faz uma personagem importante, que afeta o desenvolvimento de todos os outros”, explica Driko. “Antes, a coreografia era uma coisa mais bruta. A pressão continua lá, é forte, mas de um jeito diferente. Ela deu uma refinada.”
A entrada de uma b-girl para o time é também, de certa forma, o que se poderia chamar de reparação histórica. Embora muitas mulheres pratiquem, o breaking segue sendo considerado um ambiente machista, que dificulta a ascensão para elas.
 
Foto de Nando Espinosa_Trivial, um espetáculo de Bboys – Luka Ibarra
Mesmo sem essa dificuldade extra, a escalada a partir das ruas pode exigir não apenas talento, mas disposição para aproveitar os movimentos bruscos do acaso. Antes de se tornar dançarino e coreógrafo, Driko Oliveira era skatista patrocinado. Pela influência de amigos, passou a dançar breaking em garagens, vilas e bairros.

Depois de desafiar os alunos de uma escola de dança durante uma aula experimental, recebeu uma bolsa de estudos. Hoje, faz parte da Companhia Municipal de Dança de Porto Alegre, da Companhia H e da Ânima Cia de Dança. “Não sei muito como explicar, só foi acontecendo”, despista. “Pra mim é simples, eu só faço o que eu faço”, finaliza.

A Mostra Lucia Camargo no Festival de Curitiba é apresentada por Petrobras, Sanepar – Governo do Estado do Paraná, CAIXA e Prefeitura de Curitiba, com patrocínio de CNH Capital – New Holland, EBANX, ClearCorrect – Neodent, Viaje Paraná – Governo do Estado Paraná e Copel – Pura Energia, além do patrocínio especial da Universidade Positivo.

Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_curitiba.

Serviço:
“Trivial, Um Espetáculo de B-Boys”
Mostra Lucia Camargo – Festival de Curitiba
Data:
 4 e 5 de abril às 20h30
Local: No Teatro da Reitoria
Gênero: Dança
Classificação: Livre
Origem: Porto Alegre – RS
Duração: 50’
Grupo n Amostra – @espetaculo_trivial

33º Festival de Curitiba
Data: De 24/3 a 6/4 de 2025
Valores: Os ingressos vão de R$00 até R$85  (mais taxas administrativas).
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva no Shopping Mueller (Segunda a sábado, das 10h às 22h e, domingos e feriados, das 14h às 20h).
Verifique a classificação indicativa e orientações de cada espetáculo.
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Foto capa: de Nando Espinosa_Trivial, um espetáculo de Bboys – Luka Ibarra

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